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Pedal na região do cânion Josafaz


   De beleza singular, os cânions do nosso Rio Grande do Sul  certamente são  uma excelente opção de destino para pedais. Já tinha tido a oportunidade de conhecer os belíssimos cânions Fortaleza e Itaimbezinho, mas o cânion Josafaz ainda não. 

Assista o vídeo mostrando um pouco do que é pedalar nessa região.

     O Canyon Josafaz, que fica em São  Francisco de Paula , é  o maior canyon da região de Aparados da Serra, tendo aproximadamente 16km de extensão. Essa região é pouco explorada , cercada de muita mata  e de difícil acesso e  tem sido destino frequente de trekkings e pedais e da galera que vai de 4x4. 

Cânion Pedras Brancas 

     Nesse ultimo sábado, dia 13 de janeiro de 2018 , topei ir com uma galera para um pedal com destino a região do Josafaz, conhecido pelos ciclistas por ser um pedal bem desafiador, típico pedal" indiada" como o pessoal chama por aqui, por ser um pedal pedreira.

      A saída do pedal foi programada para 5:30hs de carro em Caxias do Sul com destino ao Paradouro Sombra Nativa em Aratinga / São Francisco de Paula, para depois deste sair as 7:30hs pedalando e acessar em poucos metros a estrada que liga ao Josafaz.

   No paradouro se concentraram mais de 25 ciclistas que toparam encarar esse desafio, depois de um café partimos para o pedal.

   A temperatura ao amanhecer estava agradável para a pedalada. Ao sair da rodovia e acessar a estrada de terra, o terreno não apontava nada do que iriamos encarar depois de alguns quilômetros, era uma estrada consideravelmente boa ...


    Mas logo começaram a surgir as pedras... e depois muitas delas, úmidas, lisas e soltas, em

subidas e descidas empenadas.


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 Além disso, um trecho tinha sido patrolado, acumulando bastante barro e também muitas poças da água e áreas com banhadões que exigiam carregar a bike para passar. Alguns se arriscavam passar pedalando , ora conseguiam, outras  dava errado, pois em alguns lugares a profundidade da água e a lama  surpreendia, chegando próximo à cintura. 

Atravessamos alguns riachos baixos de água cristalina pelo caminho. De um deles teve uns que aproveitaram para reabastecer as caramanholas, pois pelo caminho não há praticamente nenhuma casa para pegar água.

   No caminho o visual é lindo, com mata nativa, riachos e campos. 

   O percurso do Paradouro Sombra nativa até o ponto onde paramos para ver o primeiro canyon, o Pedras Brancas, contou com 25 km, pouca quilometragem e altimetria, mas um nível técnico bastante elevado, o qual mesmo a galera experiente demorou cerca de 3 horas para percorrer, principalmente por causa das pedras.

    Quanto mais longe da rodovia , mais difícil foi ficando o caminho, mas até esse ponto a grande maioria pedalável para quem tem técnica. 

   O ponto para visualização do canion Pedras Brancas fica à direita após a travessia de um riacho, acessando por poucos metros um campo que é necessário passar uma cerca. 

Com as meninas que toparam a indiada: Débora e Liege (Grupo Tartarugas do Pedal)

   E essa pausa com certeza é obrigatória para quem passar por ali, é um local lindo, visual deslumbrante. No paredão à direita uma discreta queda da água e ao se aproximar da

borda  e olhar para baixo é possível visualizar uma segunda queda.

   Deste ponto o plano era seguir para ir em um outro ponto mais à frente e ir visualizar o Josafaz ou outro ponto onde seria possível visualizar o litoral.

  Então seguimos, e o percurso cada vez mais técnico, com trilhas ora pedaláveis , ora impossíveis de pedalar. ​


O tempo começou a fechar, ficou nublado e em um ponto depois de um riacho paramos, alguns ficaram para trás. Imaginamos que tinha acontecido alguma coisa, como era de ser prever, alguma manutenção em pneu ou pastilha de freio iria acontecer.


 Enquanto esperávamos aproveitamos para almoçar, o que cada um trouxe na mochila de casa,  e discutimos o rumo que o pedal iria tomar, visto que devido ao clima não seria possível visualizar mais nada, a opção era voltar pelo mesmo caminho, ou seguir e descer uma trilha que levava a comunidade Tajuvas de Morro Azul.

Pequena parte do grupo decidiu voltar e a grande maioria optou em seguir. ​

    Eu claro , não iria perder a oportunidade da indiada! Hehehe


  Descemos por uma trilha conhecida como trilha Tajuvas. 

  Essa trilha não é pedalável, com muita pedras, é bastante íngreme e tem  pontos que chegam a mais de 30% de inclinação em descida e de extrema dificuldade em passar carregando uma bike e com com chuva, as pedras ficaram muito escorregadias e mais difícil ainda, sofrência e medo.


Em alguns pontos era possível observar áreas concretadas, o que era bem estranho por ser uma área de muito difícil acesso. Acredita-se que foi colocado cimento ali para fixar as pedras e tornar menos difícil descer ou subir a trilha. 

Aliás, fazer o sentido contrário,  subir a trilha carregando a bike, creio ser praticamente uma missão impossível. 

Demoramos mais de uma hora para descer, com uma velocidade media de pouco mais de 2km/h. 

Dores nas mãos,ombros , joelhos e tornozelos tomaram conta!

 Depois disso a trilha vira pedalavel até se tornar uma estradinha. 

  Nesse ponto você fica muito feliz em voltar a subir na bike e pedalar ! Ufa!

   Mais uns quilômetros e chegamos em uma comunidade em Morro azul. Ali paramos para esperar os demais e lanchar. Também constatamos que muitas sapatilhas tinham estragado... 

   Então seguimos para mais alguns km de pedal e mais à frente paramos em uma vila e até que enfim  ali um mercado e lancheria para reabastecer água e com mais opção do que comer.

   Ali também alguns aproveitaram para se banhar no rio. 

   Após seguimos em direção ao poço das Andorinhas, não fomos até o poço, eu já tive a oportunidade de conhecer pedalando e vale a pena, depois  subimos uma serra de 3,5 km e descemos na localidade conhecida como Rio Terra. 

   Seguimos em direção à 3 Forquilhas e depois dobramos em direção à rota do sol onde fizemos uma pausa para descansar e lanchar antes de subir a serra do Pinto.

   Conhecida como rota do Sol, essa serra é o principal meio de acesso ao litoral norte gaúcho para quem vem do interior e da Serra Gaúcha. 

    A subida em asfalto soma quase 11km e quase 800m de altimetria acumulada. 

  No verão o movimento é muito alto e para mim é um tipo de pedalada que não curto...Mas não tinha outra alternativa viável no momento.

   Quando começamos a subir era final da tarde. 

   A subida foi tensa, começou a chover , ficou nublado e escureceu com movimento de carros e caminhões intenso.

   E a maioria do pessoal com pouca ou nenhuma iluminação.

  Menos mal que na subida toda a pista é  dupla.Eu não via a hora de que acabasse aquela subida!!!

  Quase todas as partes do corpo doendo, fora as partes do corpo que eu nem sentia mais!!!

   Só pensei em pedalar sem parar, para chegar logo para chegar ao paradouro. Se parasse , não sei se conseguia voltar a pedalar.

Depois de mais de 1 hora subindo enfim a chegada por volta das 20hs.

   Foi uma aventura que demorou mais de 12 horas.

   Eu adorei, mas é bom frisar que quem for tem que estar preparado tanto fisicamente quanto psicologicamente.

   Principalmente para fazer essa volta inteira. 

   Aos que não querem pegar a parte pior do pedal sugiro fazer os 25km até o canyon Pedras Brancas e retornar, somando pouco mais de 50km se sair do paradouro Sombra Nativa. Mesmo assim esteja preparado para no mínimo 5 horas de pedal, se não houver imprevistos...

Aos mais corajosos , a outra parte do caminho vale à pena. 

Aqui o link da rota : https://www.strava.com/routes/11668468 

Fica aqui meu agradecimento pelo convite para esse pedal e pela parceria da galera! VALEU!

 

Coisas que você deve levar em consideração ao pedalar nessa região:

►Esteja ciente de que o pedal pode demorar muito mais que o previsto, logo é um pedal que se tiver horário para voltar pode correr o risco de perder o mesmo, no nosso caso foram 12 horas; 

►Pastilhas de freio chegam ao fim e pneus e sapatilhas podem rasgar: leve uma pastilha reserva se a sua não estiver tão boa e além da câmera e remendo, leve enforca gato e fita tipo Gorilla tape, isso pode salvar seu pedal;

►Não tem residências, nem lancheria, nem botequim e nem sinal de celular, portanto leve o que você quer comer e beber, suplementação ( e mais que isso!) e cautela pois se precisar resgate complica!

► Meias claras ficam marrons, use escuras caso se  importar;

►Assaduras irão acontecer, previna-se;

►O tempo nessa região fecha e esfria ou começa a chover rapidamente, leve um agasalho e alguma proteção para o que não poder ser molhado; 

►Dores no corpo até de quem é mais condicionado também podem ocorrer, anti-inflamatório no final salva. 

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