Melodias Inaudíveis

Em Roscesvalles
Dizem que você começa o caminho quando “pensa nele”. Ele estava lá nos 11/12/13 anos devido a um livro emprestado escondido de uma professora. Há 2/3 anos esse desejo virou maior, mas não encontrava cia para essa empreitada. Anos após li sobre o caminho das estrelas ( como o caminho francês também é chamado), sobre os templários e cruzadas, caminho da medicina, da cura, do campo energético, sobre a possível história da peregrinação de São Tiago naquele local e sobre o caminho da fé.
Porém , havia um obstáculo: o tempo para realiza-lo ( o caminhos francês) caminhando. Necessitava de 29-41 dias caminhando, fora o tempo de translado, e, isso não era possível desde a faculdade. Quando comecei a pedalar, resolvi o problema do tempo, porém agora tinha o da companhia.
Nessa época, o medo me impedia de seguir o desejo, me paralisava... A vida vem com os motivos e razões para a vontade superar o medo e a porta se abriu. Quando falava uma semana para viajar, pensava: sua louca! O que você inventou dessa vez? E ao mesmo tempo: Que máximo o que você vai fazer!

Em Alto Perdão : Onde o Vento encontra as estrelas
Nunca tive planos de viajar sozinha , nem tanto de pensar “coisas” de mulher que viaja sozinha ( porque infelizmente o mundo é machista e as maiores “presas” somos nós , mulheres). Foi por pura necessidade que isso aconteceu, foi com muito medo, mas não poderia deixar de viver.
O caminho foi minha 5ᵃ viagem sozinha adulta, e a primeira de bike. Fazer o caminho de bike necessita de preparação física e operacional, que encontrei na Ciclotime Assessoria , Spadium Saúde e Beleza ,Empório da Bici , Bikeline Espanha e claro, os amigos e família!
Li vários blogs sobre o caminho francês, encontrei um de uma mulher que o fez sozinha e de bike, mas a maioria são de pessoas que fazem à pé. Nesse único blog, havia dificuldades encontradas para quem vai de bike, e, decidi que queria ter apoio e não passar por isso. Andar de bike, seria minha única dificuldade. Procurei empresas que fizesse isso e quando estava já desistindo encontrei a Bikeline (bikelinebrasil.com.br). Essa empresa é de dois brasileiros que “toparam” atender uma pessoa e não um grupo. Eles foram responsáveis por minha logística, quilometragem por dia sugestões e etc.

Em Burgos
No roteiro escolhi ficar dois dias de descanso que seria Burgos, por indicação de uma “tia” que já fez inúmeros caminhos, e Léon que seria o meu aniversário ( mas errei na conta e não foi).

Em Castrojeriz
Não existia uma quilometragem fixa por dia, tudo dependia da altimetria e dificuldades do terreno. Havia percursos idênticos aos que costumava fazer em Caxias do Sul em 3/4 horas e lá realizava em 6-8 horas, porque não tinha tempo determinado para terminar, não era uma corrida/campeonato, eram as minhas férias, e, também o caminho da contemplação.

Villares de Orbigo no meu aniversário
Fazer o caminho foi uma aventura fantástica, encontrar, conhecer pessoas e suas histórias também. Por isso é tão importante ler, conhecer o caminho. Digo isso porque pra muitos parece obvio, mas encontrei muitas pessoas em “roubadas” por não terem feito isso, por terem ido exclusivamente pelo livro do Paulo Coelho, que do caminho só tem o nome.

Em Pedrafita do Cebreiro
Chegar a Santiago é magnífico, porém é uma mistura de: agora acabou e cheguei! Por várias vezes me emocionei por ter alcançado o lugar que “tinha planejado” em chegar e muitos reclamei por estar fazendo aquilo e perguntando porquê.

Em Santiago
A grande maioria das pessoas me perguntam como me senti quando estive de frente a catedral na chegada a Santiago, se foi emocionante? Não como encontrei o letreiro no início da cidade escrito Santiago. Ali encontrei uma portuguesa e um francês, que estavam fazendo o caminho português, também de bike. Ficamos olhando, comemorando bobos e nos abraçamos e choramos juntos! Estranhos, vários países, juntos com o mesmo sentimento. Momentos como esse são bem normais durante o percurso e únicos, porque não costumo abraçar e chorar com estranhos. Só quem vive entende.

Em Santiago na Igreja
Ficar em frente da igreja após pegar sua compostela, faz parte do fim. Se emocionar com cada peregrino que chega, também. Saber que não é o fim e sim o início e a certeza. Buen Camino! Ultreia! Susseia!
Roberta P. Rigobello
Insta: @robertarigobello
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